Leny Andrade Leny Andrade

Homenagem a Milton Nascimento

Para quem quer se soltar
Invento um cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento Lua nova a clarear
Invento amor e sei a dor de me lançar

Teus poucos anos de vida
Valem mais do que cem anos
Quando a morte é vivida
E o corpo vira semente
De outra vida aguerrida que morre mais lá na frente
Da cor de ferro ou de escuro
Ou de verde ou de maduro

Não me esqueça, amigo
Eu vou voltar
Corre longe o trenzinho ao Deus dará

No sertão da minha terra
Fazenda é o camarada que ao chão se deu
Fez a obrigação com força
Parece até que tudo aquilo ali é seu

Ê morena quem temperou
Cigana quem temperou
O cheiro do cravo?
Ê cigana quem temperou
Morena quem temperou
A cor de canela?

A Lua cigana
A trança do vento
O ventre da noite
E o Sol da manhã
A Lua cigana
A dança dos rios
O mel do cacau
E o Sol da manhã
E o Sol da manhã

Solto a voz nas estradas
Já não posso parar
Meu caminho é de pedra
Como posso sonhar?
Sonho feito de brisa
Vento, vem terminar
Vou fechar o meu pranto
Vou querer me matar

Estamos na era das Apollos. Viemos de muito longe e tudo estava muito mudado
Uma estrela de três pontas, de nascimento Milton fazia a sua grande travessia
Nosso tributo a um outro grande astronauta que se lança e lança ao espaço canções lindíssimas. Do nascimento Milton, um mineiro e sua Turma da Esquina

Você pega o trem azul
O Sol na cabeça
O Sol pega o trem azul
Você na cabeça
Você na cabeça

Você pega o trem azul
O Sol na cabeça
O Sol pega o trem azul
Você na cabeça
Você na cabeça

Quisera encontrar a moça que ficou
No mar de Vera Cruz
No pranto que chorei
No norte que perdi nas coisas de um olhar

Ah, quisera eu esquecer a moça que se foi
No mar de Vera Cruz
As coisas de um olhar